terça-feira, 7 de outubro de 2014

Campo Grande evolui 92 posições no Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM)

Da esq. para a dir. a antiga praça João do Vale e a Avenida Joaquim Leal (popularmente chamada de Via Costeira), essas duas imagens refletem bem o quanto a cidade evoluiu nas últimas décadas. (Arte: Thiago Gondim).

Na calçada da casa, gerações distintas ocupam duas cadeiras de fio de plástico: Rita Rosento de Góis, 79 anos, dona da pousada D. Rita Góis, na Via Costeira de Campo Grande, Oeste Potiguar. Ao lado a neta, Fernanda Francisco, 20 anos. As duas se admiram do progresso: a praça da Via Costeira pintada e arrumada, a quantidade de caminhões que cortam a principal rua da cidade. Tudo mudou nos últimos 20 anos.
Severina Alcântara da Silva, moradora de Campo Grande (Foto: Junior Santos).

Quando Rita chegou ao município, vinda de Caraúbas, boa parte de Campo Grande ainda estava na areia, e os empregos eram escassos. “Meu marido era o pedreiro daqui, só tinha ele”, lembra Rita. Após o falecimento do esposo, montou a casa de morada D. Rita, bem movimentada agora que três rodovias (BR110, 226 e RN 260) cortam o município. Apenas um dos 19 filhos de Rita se mudou: a mãe de Fernanda. “Quando eu era pequena já tinha a praça, calçamento (em Campo Grande), mas o problema é emprego. O custo de vida é bom, tem emprego nas fábricas, mas não era o que eu queria”, diz a neta, que vai começar a estudar nutrição em Mossoró.

As diferentes visões – e necessidades – de Rita e Fernanda refletem os números. Campo Grande – ou Augusto Severo, como ainda está registrado no mapa – é o 9º entre os 10 municípios potiguares que mais evoluíram o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) em duas décadas. De 0,263 (muito baixo) em 1991 para 0,621 (médio) em 2010. Há 20 anos, o município ocupava o 148º no estado, passando para 93º em 2000 e 56º em 2010. O IDHM é calculado com base na renda, expectativa de vida e acesso à educação, o índice aponta o nível de desenvolvimento dos municípios, com notas que vão de zero a um.

Os dados são do Atlas de Desenvolvimento Humano no Brasil 2013, feito pela Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNAD) com base nos censos demográficos brasileiros.

A pesquisa mostrou que os municípios que mais cresceram no RN têm menos de 10 mil habitantes, como é o caso de Bodó, cidade que ocupava o posto de pior IDHM do Rio Grande do Norte em 1991. Na época, o índice era de 0,136. A renda per capita, por exemplo, era de R$ 61,80, quando no Brasil já era de R$447,56. A taxa de analfabetismo entre as crianças de 11 a 14 anos era de 57,47% no município. Em 2010 o município chegou ao IDHM 0,63, um crescimento de 362%.

Entretanto, nem todos cresceram o suficiente para deixar as piores colocações. É o caso de Venha Ver, o terceiro que mais cresceu em 2010, que saiu de 0,22 no IDHM para 0,56 – mas ainda é o quinto pior índice do RN. Em comparação, Natal tinha o IDHM baixo em 1991 e subiu para alto em 2010, mas o crescimento foi um dos menores: o aumento foi de apenas 33,39%.

De acordo com Aldemir Freire, superintendente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o desenvolvimento desses pequenos municípios é fruto das políticas federais adotadas nos últimos dez anos.

“O avanço é identificado no geral: não há sombra de dúvida que houve um avanço das políticas federais”, aponta. De acordo com Freire, políticas assistencialistas, como o bolsa família e o crescimento do salário mínimo aumentaram a renda da população, o que pode assegurar uma qualidade de vida melhor e aumento da longevidade. “Ainda temos uma infinidade de problemas, mas estamos numa rede de avanços. Podemos reclamar apenas da velocidade (desse avanço”, pontua.

Ainda de acordo com o superintendente, a “explosão” de crescimento dos municípios é facilmente explicável: se você tem péssimas condições, é fácil crescer com investimentos simples. Quem já está em um nível bom de crescimento – o caso das cidades-pólo, como Natal – precisa de investimentos maiores. “Depois que você cresce, crescer ainda mais não é fácil, mas não tenho dúvida que de 2010 para cá já avançamos”, avisou.

Fonte: Tribuna do Norte

0 comentários:

Postar um comentário