Miroslav Klose começou a Copa do Mundo desacreditado. O único centroavante de ofício da seleção alemã não saiu do banco de reservas contra Portugal, num jogo em que poderia facilmente ter aproveitado a superioridade numérica para já superar o recorde de Ronaldo Fenômeno - a Alemanha, com um a mais desde o fim do primeiro tempo, aplicou inapeláveis 4 a 0. Os tais proclamados Deuses do futebol entravam ali em ação. Klose faria o 15º diante de Gana, na partida seguinte, dois minutos após entrar em campo - e em seu primeiro toque na bola. Mas passaria em branco até reencontrar o Brasil. Aí não houve jeito. Virou, aos 36 anos, o sócio proprietário do clube dos maiores artilheiros.
A semifinal do Mineirão pôs Klose frente a Ronaldo pela primeira vez nesta Copa. O Fenômeno, então codetentor da marca, comentou a partida pela TV Globo. Foi esportivo, reconheceu o feito como já fizera em outra oportunidade, mas não escondeu a decepção com a facilidade encontrada pelos alemães. Thomas Müller, aos 11, já havia aberto o placar numa absoluta falha de marcação em bola parada. O centroavante, aos 23, iniciou uma sequência avassaladora por parte dos visitantes. Em seis minutos sairiam mais três.
Klose desliza os joelhos sobre o gramado do Mineirão: ode ao maior artilheiro das Copas (Foto: Reuters)
Não houve comemoração especial para o seu 16º gol dentro da grande área - em 22 jogos (veja todos no vídeo abaixo). Enquanto Julio César lamentava, Klose correu, deslizou os joelhos sobre o gramado rapidamente e se levantou, chamando os companheiros - a tradicional cambalhota foi escanteada a partir do momento em que o atacante decidiu minimizar os riscos de lesões no joelho.
Klose não participaria diretamente de nenhum dos outros cinco gols no massacre por 7 a 1, a maior vitória alemã em toda a sua história, por mais que números ou títulos (ele ainda não veio) possam significar o oposto. Seria substituído aos 13 da etapa final, depois de correr 6,6 quilômetros, atingir a velocidade máxima de 23,8 km/h, finalizar três vezes, completar 12 passes. E fincar os pés na galeria dos maiorais.
Aplausos de pé
- Significa muito para nós. É um recorde. É um recorde que só pode ser batido pelo Thomas Müller (10 gols). É algo grande para ele, porque se você é quem mais faz gols, não é só a performance. Ele realmente merece. A essa idade, ainda joga no nível máximo – disse o técnico Joachim Löw. Löw lembrou de Müller. Klose nunca esqueceu dos companheiros. Nem mesmo no lance do gol, quando recebeu do camisa 13 e afirmou ter pensado na devolução.
- Para mim definitivamente o gol é algo grandioso, mas sou daqueles jogadores de grupo e quero ganhar essa Copa com esse time, isso é o mais importante. No momento do gol, eu tentei dar outra assistência para Müller, mas fui bloqueado por um brasileiro. Então eu tentei marcar e tive sorte. Quando eu terminar a minha carreira pensarei sobre o tamanho desse recorde. Agora estou concentrado nessa final – afirmou o atacante.
Domingo, no Maracanã, contra Argentina ou Holanda, Klose se despedirá das Copas do Mundo. Não sairá dela como o melhor jogador, sequer pode se considerar um craque de bola. Mas mostrou que ser simples também é o caminho para a história.
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