Holanda e Argentina se enfrentam pela semifinal da Copa, no Itaquerão92 fotos
Lionel Messi e Martin DeMichelis comemoram com a torcida a vitória da Argentina nos pênaltis AP Photo/Victor R. Caivano
Vinte e quatro anos depois, a Argentina está de volta a uma final de
Copa do Mundo. E justamente no Brasil, no Maracanã. A trajetória da
equipe de Alejandro Sabella tem, pelo menos, cinco pontos que ajudam a
explicar a classificação para a quinta decisão de Mundial da história
dos hermanos. A lista inclui Leonel Messi, o crescimento da defesa e um
capitão que não tem a braçadeira.
Na arrancada da Copa, a
seleção argentina constava na lista dos favoritos ao título mais pela
tradição do que realmente pela força de seu time. Só que fase após fase,
jogo após jogo, a esperança foi crescendo. O futebol, de forma efetiva,
deu um salto somente nas quartas de final com o ápice chegando diante
da Holanda, na semi.
1. Messi carrega o time nas costas
Na primeira fase da Copa, no grupo F, Messi foi mais do que decisivo.
Carregou a Argentina nas costas e fez de seus passos os passos do time.
Empurrou a equipe para a próxima fase com quatro gols e uma assistência.
Ganhou o prêmio de melhor em campo contra Bósnia-Herzegovina, Irã e
Nigéria.
Diante dos bósnios, no Maracanã, o camisa 10 cobrou a
falta que acabou em gol contra e depois fez o gol da vitória por 2 a 1.
Contra os iranianos, no Mineirão, tirou um chute magistral da cartola e
garantiu três pontos suados aos 45 minutos do segundo tempo. Na partida
com a Nigéria fez mais dois – o primeiro se tornando o gol mais rápido
de sua carreira, e o segundo de falta. Mesmo sem encher os olhos, a
Argentina fez nove pontos e viu Messi brilhar.
2. Raro brilho de Di María e Higuain
AFP PHOTO / MARTIN BUREAU
Se Messi foi o cara da fase de grupos, Ángel Di María e Gonzalo Higuain
retribuíram e dividiram o fardo nas oitavas e quartas de final. A
missão deveria ser esta desde o primeiro jogo, mas demorou a acontecer.
Com o ataque em baixa, os dois tiveram momentos isolados de brilho no
Mundial até aqui, porém foram igualmente vitais para a caminhada.
Di María fez o gol da vitória contra a Suíça, no final do segundo tempo
da prorrogação, nas oitavas de final. Sim, o passe saiu dos pés de
Messi, mas para o camisa 7 o chute é, sim, seu ápice na Copa até aqui.
Já Higuain foi desencantar nas quartas de final, diante da Bélgica. Um
giro na frente da área e chute preciso no canto: fim do jejum de gols na
Copa e o grande passo para a Argentina chegar à semi.
3. Demichelis ajeita a defesa com experiência
AFP PHOTO / GABRIEL BOUYS
Alejandro Sabella sempre soube que a chaga de seu time era a defesa,
mas só foi mexer nela nas quartas de final, contra a Bélgica. Antes,
testou o esquema 5-3-2 e não deu certo. O rendimento pífio contra a
Bósnia e as declarações de Messi e companhia pedindo o 4-3-3 implodiram a
ideia. Mas o esquema preferido fez o técnico ter calafrios contra Irã e
Nigéria, com a dupla Federico Fernández e Garay.
Contra uma
Bélgica que tinha alto índice de finalizações e poderio muito superior
aos rivais até então encarados, Martín Demichelis foi chamado. O
zagueiro do Manchester City, aos 33 anos, caiu como uma luva em uma
defesa que suplicava por experiência. Com ele, a Argentina fechou a
porta para os belgas e foi outra vez segura contra a Holanda, na
semifinal. O camisa 15 foi a surpresa da lista de convocados para o
Mundial. Tanto que o próprio jogador cumpriu uma promessa e abandonou o
cabelo cumprido antes de embarcar para o Brasil.
4. Mascherano impecável
AP Photo/Victor R. Caivano
Esqueça qualquer partícula da imagem de um volante violento. Javier
Mascherano vem, jogo após jogo, empilhando estatísticas que lhe conferem
um papel tão importante quanto o de Messi na seleção argentina. O
camisa 14, apelidado de "chefinho", não só bloqueou o chute de Robben na
semifinal. Ele atuou por 600 minutos, recuperou a bola 42 duas vezes e
fez apenas sete faltas. Completou 86,6% dos passes e não levou nenhum
cartão nas seis partidas.
A Copa irretocável de Mascherano até
aqui pode se resumir em uma frase. Antes de pegar a Bélgica, na boca do
túnel, o capitão da Argentina que não leva a braçadeira – item que
repousa no braço de Messi, berrou que estava cansado de comer merda. O
desabafo de quem viu o fracasso em 2006 e 2010 motivou ainda mais o
time. E Mascherano fez sua parte também em campo para ajudar a mudar o
cardápio.
5. Redenção do goleiro 'mão de manteiga'
Sergio Romero chegou à Copa do Mundo da pior maneira possível.
Criticado ao extremo pela imprensa e pela torcida, sem jogar
regularmente na Europa, no Monaco-FRA. E recebendo apelidos como 'mão de
manteiga' de internautas. Mas jogo a jogo ele foi dando sinais de que
decidiria. Contra a Bósnia salvou com as pernas, diante do Irã pulou
duas vezes e espalmou por cima. Fase após fase ganhou mais bagagem até a
semifinal.
Nas cobranças de pênalti contra a Holanda, Romero
defendeu duas bolas e catapultou a Argentina para a decisão. Após cada
intervenção, o goleiro saiu vibrando e dando a dimensão do feito –
particular e coletivo. Com a redenção dele, a Argentina ressurge em uma
final de Copa do Mundo. Justamente no Brasil, no Maracanã.